segunda-feira, janeiro 07, 2008

Elíptico

Deixa-me entrar enquanto a tua mão se vira para mim. Deixa-me entrar quando o que era novo se aproxima

Curta estória

Avanço devagar com medo de encontrar aquilo que não quero ver. O ritmo aumenta, não sei se o cardíaco, mas não consigo ficar parado. Viro a esquina com medo, sem saber o que encontrarei. Demoro a fazer esta importante dobra. Parece que o som do jazz que vem de lá ajuda a tomar a decisão. Abro os olhos e só vejo luz. O sol fere os meus olhos mas ao conseguir definir formas, contornos, cores...Não consigo perceber muito bem o que vejo, mas parece que tudo se afasta de mim. É estranho ver que se afasta tão lentamente mas eu não consigo apanhar nada. O chão enche-se de pétalas e dou por mim acompanhado de dor desejo e prazer. Um sorriso aparece na cara que não tinha expressão, olhos orelhas ou nariz. Olho para trás mas a esquina já se mostra longe demais e não faria sentido caminhar para lá. Passo a mão pela cara e tiro a poeira que nela tinha. A rua estende-se por um comprimento imenso. Dizem que nesta rua já passaram tanques em tempo de guerra e se caminharmos sempre por ela nos leva directamente a Moscovo. Um festival de luzes abraça os edifícios em redor e o céu está carregado de erotismo. Um estonteante som sai de uma casa gigante, plantada perto do rio. Dou por mim descalço e de calções apesar do inverno apertar. A areia está cravada nos pés e não tomo banho de modo a manter o sal no meu corpo. Tomo por garantido o amanha e meto-me a zleep. Acordo atordoado num café com um copo de vinho na mesa que está na minha frente, acompanhado de estranhos que não falam uma língua que conheça. Bato rápida e repetidamente no topo da minha mão e apresso-me para a saída. Não sei se me fiz entender, mas também não os conheço. A estrada continua e agora estou nela sozinho. Tento não adormecer e agora só a musica se apresenta capaz de me manter os olhos abertos. Tenho duas mãos e nelas encontro um volante que me guia para casa. A minha casa está longe. Ou estarei eu longe de casa? Agora parece que vou sozinho.