quinta-feira, dezembro 18, 2008

Je T'aime moi non plus (diz ela)

Finalmente chegamos ao sítio onde me queriam levar. Encharcado, mas sem frio, apresso-me para a entrada, mas percebo logo que a facilidade não mora aqui. O barulho é incrível e o 'empurra-empurra' acaba por me levar ao sítio onde me encontro agora. Trazem-me cerveja e o jantar começa. Acompanham-nos três indivíduos, sendo que deles, dois já eu conhecia. Com o empilhar dos copos, os meus lábios começam a pensar por si só e os berros soltam-se, enquanto os meus braços e pernas entram em autogestão. Admito que a passagem de copos para baldes não ajudou e o colapso parecia eminente. Um Mercedes entra pela porta acompanhado de uma gata. Segue-se Cleópatra, uma bela chinesa de olhos rasgados, a gorda (existe sempre uma) e com elas......quem é? Hey hey, vem cá! Quem é ela? Conta-me tudo.....Ahhhh, já sei! É ela...já me tinhas falado dela e até fotos tinham sido partilhadas. Mas, mas como pode ser tão diferente? Aqueles lábios são desenhados? Não pode ser! Que é isto? Que cara é esta? O corpo não combina, mas...
-No interlúdio dos meus pensamentos o meu 'à vontade' acaba por desaparecer e os berros diminuem drasticamente. O espírito mantém-se, mas a minha atenção centra-se!-

Não me dirijo a ela, mas só porque não consigo! Diz? Estás louco? Alguma vez? Ela nem reparou em mim, ainda por cima não tenho nada para dizer e ela não quererá algo com uma pessoa com ténis laranja. Sinto uma vassoura a passar pelo meu pé esquerdo e ao olhar para baixo reparo na malha da perna dela. Uuuuuuu. A vassoura continua a passar e acaba por me dirigir para a porta. Tenho que sair. Continua a chover mas esta chuva já não me molha, que estranho, nem é preciso casaco. Um deles ficou para trás, mas não espero pois sei que as companhias são boas. Numa cidade sem rios nem mar, vou em direcção ao barco. A audácia de tal sítio em cidade tão seca é prenúncio de coisa má. Meu deus, quando dou por mim já não sou dono de mim e sigo a flutuar nas aguas dos seus olhos. Uns agarram-se à parede na esperança que alguém os vá buscar ou que pelo menos possam perceber que o deveriam ter feito. Nesta noite tudo esta a sair estranho. Salto, abraço e aconselho, mas esqueço-me do que deveria fazer, ter feito ou tentado fazer. Iniciativa. Bastava falar. A verdade é essa. Bastava aquela atenção e agora vais ter que viver com estas coisinhas que não fazes e te lixam o juízo todinho. Amanhã é festa e ela coloca-se de forma a que lhe conceda um adeus. Um adeus seco longínquo e frio. A frieza do desinteresse congelou as pessoas à nossa volta, vejo isso apesar de só ser para ela. O desinteresse e passividade mumificaram-me por completo. Passo as restantes horas na esperança de que este barco se afunde e que o sono me possa encontrar em breve. Descansar. Descansar e sonhar que toda esta história de amor foi forte, bem vivida e acima de tudo me fez muito feliz. Senti que ela acabou comigo, já não me amava e deixou-me ir.
Uma relação construída em palitos de restaurante, bancos altos e chão de cerveja que prematuramente encontra o seu próprio fim numa noite chuvosa e distante. Assim foi, mas por momentos.....acreditei nela.

1 Comments:

Blogger Nina said...

hoje, inexplicavelmente, lembrei-me de vir aqui... ainda não tinha visto este texto.. não te esqueças de continuar a escrever.
beijo

11:15 da manhã  

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